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Indústria Cerâmica
A indústria cerâmica de Bailén reduz as suas emissões para metade
O município de Bailén (Jaén), para quem não o conheça, situa-se no norte da Andaluzia e tem a maior concentração de cerâmicas de Espanha: cerca de 40 num município de aproximadamente 19.000 habitantes.
Esta concentração de cerâmicas levou a que, no ano de 2005, o nível de emissões de CO2 e de partículas sólidas fosse declarado inaceitável num total de 256 dias. Este valor contrasta com os 120 dias registados no ano de 2007 e que, longe de ser um valor satisfatório, mostra uma clara alteração de tendência desde a entrada em funcionamento do Plano de Melhoria da Qualidade do Ar.
Seguindo este plano municipal, 90% das cerâmicas de Bailén efectuaram diversos investimentos tendo em vista a redução do nível de emissões, redução pela qual quatro dessas cerâmicas foram recentemente reconhecidas.
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Empresarial
Entrevista com Santi Amposta, responsável de I&D da BERALMAR
Santi Amposta (45) é o responsável de I&D na BERALMAR desde que entrou para a empresa no ano de 1993, vindo da indústria automóvel. É licenciado em Engenharia pela EUETI de Terrassa e, entre os diversos contributos que deu para a inovação no sector cerâmico, destaca o desenvolvimento do sistema de cozedura de sólidos micronizados MICROMATIC que, desde a primeira instalação em 2001 até ao presente dia, foi implementado em cerca de 70 fornos de túnel.
Santi, que lidera uma equipa de I&D composta por 4 engenheiros, partilha connosco alguns pontos de vista sobre inovação no nosso sector.
Newsletter Beralmar: Depois de 15 anos na indústria cerâmica, em que áreas e aspectos prevê mais alterações tecnológicas?
Santi Amposta: As principais inovações no sector ocorrerão principalmente na área da optimização energética, tanto do ponto de vista da eficiência como do meio ambiente. A procura de combustíveis e fontes de energia alternativas será imprescindível para que um produto de baixo valor acrescido, como a cerâmica estrutural, possa competir com outros materiais de construção.
NB: Entre Câmaras de Comércio, patrões e administrações, a necessidade de aumentar o investimento em I&D é um tema recorrente. Quando a propriedade intelectual e industrial é frequentemente tão difícil de proteger, como no nosso sector e outros, quais devem ser os incentivos e os benefícios de o fazer?
SA: É praticamente impossível neste sector, e mais agora com a concorrência de países emergentes, proteger a propriedade intelectual. Isto deve-se ao tipo de produto que comercializamos, em que a padronização é muito complicada e cada implementação é praticamente um projecto de inovação. Mas é aqui que as empresas que estão em constante evolução podem obter os benefícios e a recompensa pelo seu esforço. Esta melhoria contínua faz com que o valor do "know-how" de cada empresa, que não é possível reproduzir, seja uma "couraça" diante desta falta de protecção.
NB: No nosso sector, há empresas que inovam muito, pouco e nada. Neste sentido, como situa a Beralmar?
SA: A Beralmar, sendo uma empresa de tamanho médio, está obrigada a adaptar-se continuamente às necessidades variáveis dos clientes e do mercado em geral. Isso reflecte-se num nível de investigação moderado, mas com um nível de inovação bastante elevado. Neste sentido, a Beralmar é uma empresa de referência para muitos ceramistas quando necessitam de uma firma colaboradora nos casos em que devem implementar alguma melhoria no seu processo de fabricação, especialmente na cozedura e secagem. Alguns exemplos desta relação são os casos das instalações de combustão com biogás, coque de petróleo, biomassa, etc.
NB: A Beralmar concluirá em breve a construção de um forno de testes para protótipos de queimadores nas suas instalações de Terrassa. Que expectativas têm sobre a sua utilidade no vosso Departamento?
SA: Trata-se de uma questão de tempo; até agora, apesar da realização de testes em protótipos nas nossas instalações, o ensaio principal era sempre efectuado num dos nossos fornos de túnel com a colaboração de clientes de confiança que, felizmente, são muitos. Com o forno de testes, ainda que a validação para o utilizador continue a ser efectuada numa instalação final, o grau de desenvolvimento do protótipo será muito mais elevado neste ponto, com a consequente redução do tempo de lançamento do projecto no mercado.
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Novidades e Realizações
Novos sistemas de cozedura de sólidos em funcionamento em Espanha
Minimizar os gastos energéticos mantendo a qualidade do produto é uma prática recomendável em qualquer caso, mas é ainda mais na actual conjuntura da indústria cerâmica em Espanha.
Foi o que fizeram as cerâmicas NOVO Y SIERRA, de Valga (Pontevedra) e CERÁMICA CARBONELL, de Agost (Alicante), onde a BERALMAR acaba de colocar em funcionamento, respectivamente, duas instalações de combustão de coque de petróleo do modelo MICROMATIC, que contribuirão de forma significativa para a contenção dos custos de fabrico, melhorando a competitividade dos dois fabricantes.
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